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Review: Pokémon Koko


O que exatamente se espera de um filme Pokémon? Se formos avaliar os melhores da franquia numa perspectiva geral, desconsiderando opiniões "anômalas" que venham a preferias obras esquecidas, os primeiros longas da saga, Lucario e o Mistério de Mew e a trilogia de D&P tendem a ser as melhor avaliadas. Muitos poderiam ponderar a nostalgia envolvida, principalmente, nos primeiros filmes de Pokémon, sobretudo os 3 iniciais, que tanto marcam o imaginário popular do brasileiro que assistia TV aberta (SBT) no início dos anos 2000. Há até matéria no Jornal Nacional relatando o estrondoso sucesso de Mewtwo vs Mew. Porém, mesmo sem relatar uma ligação emocional com aquelas obras e seu determinado tempo, eu diria que seu diferencial está no coração e personalidade que apresentam.

Sim, coração e personalidade. Um roteiro revolucionário com uma história mirabolante nunca foi um ponto norte dentro de qualquer mídia de Pokémon. E isso não é um defeito. A grande sacada da narrativa, especialmente a audiovisual, é em como contar uma história, não necessariamente em seus twists. Até para seu público alvo, Pokémon nunca deixou de ser previsível em suas narrativas, mas o que enchia de emoção os primeiros filmes não eram elementos que equivocadamente são atribuídos como primordiais na série, como as batalhas. Ora, quais sãos os momentos de filmes Pokémon eternizados na cultura pop? É o Ash petrificado enquanto Pikachu e os Pokémon choram seu sacrifício. O edificante discurso de Mewtwo (e a retórica hilária de Mew), engrandecido na versão nacional pela colossal dublagem de Guilherme Briggs, que encarece as palavras do lendário com hombridade e altivez. O Lugia's Song do segundo filme, completamente nutrido de sentimentalismo e significado, como se conversasse com a inteligência imponente e melancólica de Lugia. O terceiro filme também, acima do épico e do grandioso, é um conto tocante sobre maternidade e solidão. Há o memorável encerramento do oitavo filme, que finalmente traz paz ao sofrido Lucario, que consegue entender seu mestre após tanto tempo de confusão e rancor. Ou a curiosa, mas romântica (no sentido puro, não sexual) relação de Ash e Latias, num filme que já carrega na trilha e no design um simbolismo romantizado pelas ruas que recriam a Veneza italiana.

Pokémon é o melhor Pokémon possível quando assume seu público alvo e não descarta as lições inerentes ao nicho, e isso significa abraçar o idealismo de seu mundo, algo que é simbolizado há décadas pelo seu protagonista determinado e otimista, a despeito das tristezas que enfrenta ou injustiças que encara. Nisto, alcança a todas as idades. Ash, ou Satoshi, não desiste e, com seus amigos, sempre rejeita o pessimismo e uma crueza realista. Pokémon é, portanto, um escapismo, e esse mundo melhor é o que nos faz amar o universo, com suas carismáticas e adoráveis criaturas - até por isso, o conceito de batalha se tornou menos preponderante com o andar da franquia, pois mesmo que se justifique-as como desejo dos Pokémon - e quando não o é, Ash e cia rapidamente sobrepujam o vilão que explora e pune os monstrinhos -, é um assunto espinhoso quando reverberado no mundo real.

O que nos traz de volta a Koko, o 23º filme da série, dando sequência ao projeto iniciado em "Eu Escolho Você", de fazer histórias sem relação com o que se passa no anime, basicamente uma antologia - e esquecendo a dúbia ideia do remake 3D do primeiro filme no caminho. Novamente dirigido por Tetsuo Yajima (do anime e dos filmes 20 e 21), o filme já inicia sem uma pretensão inovadora, como uma readaptação de Tarzan para o mundo Pokémon, com o personagem-título, Koko, sendo encontrado por um Zarude, um mítico que vive em bandos e não parece de fato um mítico, já fugindo da ordem natural dos filmes em focar num lendário/mítico com senso de exclusividade, único.

Talvez porque menos uma sensação de grandeza, de épico, esse filme de fato se concentre mais numa relação paternal simboliza entre Koko e seu Zarude, descartando os confrontos entre treinadores em basicamente toda sua trama, mero acessórios para as temáticas implícitas no filme. O próprio Ash, assim como tem sido no anime, assume uma coadjuvância observacional, com um papel dramático pouco relevante, substituível. Ele servem mais como um totem de ligação para o universo do que motor. E talvez isso seja um estudo da Pokémon Company em explorar spin-offs descentralizando do eterno aspirante a mestre Pokémon de 10 anos.

E de fato a trama centrada em Koko e Zarude, assim como o carisma e desenvolvimento dos personagens, é suficiente para encantar e conduzir a obra em toda sua breve duração. Ele é uma antítese do irritante Goh, a tentativa serializada semanal em substituir ou dividir protagonismo com Ash. Forte e empático, com um arco profundo e relacionável, Koko carrega com naturalidade o núcleo humano do filme, novamente, sem batalhas fora de um ambiente puramente natural e orgânico.

Com isso, Pokémon se firma definitivamente numa nova era, de assuntos sociais considerados em todas as mídias, respeitando, evitando ou corrigindo polêmicas mesmo que essas sejam intrínsecas à existência de Pokémon. Mas não é um desrespeito ou saturação, e sim uma recondução que ressignifica o grande valor da franquia, que não está na ação e nos golpes, e sim utiliza todas as vantagens do audiovisual para explorar o potencial dos Pokémon e deste universo que simboliza o que todo grande fã da franquia gostaria de viver, num mundo em que as coisas, afinal, dão certo. É o coração e a força de Koko, Zarude e, por que não, Ash, e não a ganância e egoísmo do cientista louco, afinal, que tornam essa uma série tão amada.

por Carlos Dalla Corte
Sobre Rodrigo
anos, São Paulo-SP, responsável pela seção multimídias da Pokémothim. Fã de Pokémon desde a primeira exibição do anime no Brasil, passou a conhecer melhor a franquia a partir da 4ª geração, após ler um detonado de Pokémon Platinum que o estimulou a adquirir o seu primeiro Nintendo DS. Desde então, dedica suas horas vagas ao mundo Pokémon.
Switch: 7183-2548-8214

5 comentários:

  1. Pablo Soares Camargo17/08/2021, 12:23

    A crítica tava até boa, mas parei quando meteu hate no menino Goh...

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  2. Blá blá blá

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  3. Daniel Moravia20/08/2021, 09:17

    Gostei do irritante Go.

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  4. Oscar Luchini22/08/2021, 23:49

    Como assim só eu gosto do Goh? >.>

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  5. Caio X Live 1317/10/2021, 18:27

    As vezes o Goh é irritante no anime, não tem como defender...

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