Olá, Thunders!
Há um mês atrás, trouxe a minha primeira postagem sobre o Torneio de Mestres, a qual foi uma crítica sobre o modo como desenvolveram as quatro primeiras lutas. Nela, curiosamente, citei que um dos temas que pensei para a comemoração dos 3 anos da minha primeira postagem no site foi "A Relevância de Diantha e Cynthia chegarem às semifinais". Claro, isso antes de revelarem o chaveamento inicial, mas que é um assunto que vale ser abordado até mesmo depois de tudo que pudemos acompanhar nos últimos episódios. O ponto é: Diantha na semifinal tem um peso representativo enorme, mas, o modo como foi abordado...
Antes de tudo, gostaria de ser justo e dizer que, além da minha inconformação pessoal, essa postagem do Twitter da conta Vida de Treinador, que acabei por ver aleatoriamente na minha Página Inicial da rede social, serviu como um impulso para escrever sobre isso; trazendo em paralelo a situação que aconteceu com a Lana/Vitória na série Sol & Lua. Isso porque a mencionada situação, na época, foi defendida de um ponto de vista "lógico" por mim, algo que não se aplica aqui e que, pondo os dois acontecimentos lado a lado, parece agravar tudo. Então, um cheiro para as pessoas que odeiam quando eu falo sobre problemas na retratação feminina no anime e uma ótima leitura!
Quando montei a minha previsão nunca postada do Torneio de Mestres, tendo como base que Ash e Leon chegariam às semifinais e, possivelmente, à final, teria que escolher mais dois campeões para avançarem com eles para a segunda fase desse evento. Criei, portanto, três chaveamentos distintos, que mudavam as lutas da primeira etapa, mas todos convergiam em um detalhe: nas semifinais, quem acompanhariam Leon e Ash seriam Cynthia e Diantha. Em dois chaveamentos eu "previa" Leon x Diantha e Ash x Cynthia; no terceiro Leon x Cynthia e Ash x Diantha. A questão levantada por mim era que essas duas incríveis campeãs precisavam estar nas semifinais, porque o Ash precisava enfrentar uma campeã que cansasse ele, não só campeões masculinos; assim como Leon (que até então só foi visto batalhando contra treinadores homens) precisava ser colocado contra a parede também por uma campeã.
A batalha de Leon contra Cynthia/Diantha mostraria que: primeiro, alguma treinadora mulher chegou ao nível de poder enfrentar o grande campeão - não que não se pudesse acontecer isso, mas o anime não se deu o trabalho de mostrar um adversário feminino a altura do Leon, como Raihan e Lance "pareceram" ser; segundo, da forma tão superior como o campeão de Galar está sendo tratado em relação aos outros, uma campeã como Diantha conseguir cansar ele como Lance e Alain não conseguiram daria um reconhecimento considerável para a representante de Kalos. Mas, como bem sabemos, não foi assim. Pelo contrário, o Rillaboom deu bem mais trabalho a ela do que ao Alain, o que vai totalmente ao contrário da ideia de força que se podia esperar da atriz.
Se pararmos para pensar bem, salvo algumas exceções, representação feminina não tem sido o forte de Jornadas, apesar de a série fazer algumas tentativas. Podemos citar a Cloe, que teve menos participação do que qualquer outra Pokégirl anterior; Marnie, que teve uma participação exageradamente breve, só para mostrar que existe no mundo da animação; e Bea, que serviu apenas como escada para Ash, em uma rivalidade que não durou nem mesmo 10 episódios - em termos de foco; e o episódio da Pinsir, que me arruma haters até hoje. Então, mesmo que alguns acertos devam ser considerados, o modo como trataram as treinadoras voltadas para a batalha, em especial, seguiu uma trama mais genérica.
Tá, a Diantha derrotou o Lance em uma batalha que julgo ser a melhor das quatro primeiras do Torneio de Mestres, mostrou-se uma grande estrategista, para ter uma participação no seu episódio da semifinal menor do que a da Cynthia, por exemplo, que já vai ganhar três episódios focados nela, e ser ofuscada por duas crianças que queriam brincar com Pokémon; e, mais, para ser esmagada, como bem descreve o título do episódio em questão, pela força avassaladora do Leon. Inclusive, muitos dos fãs que criticavam a possível velocidade dessa batalha, antes mesmo de ela ser transmitida, torciam para que o confronto de Ash contra a campeã de Sinnoh começasse ainda no mesmo episódio; ou seja, torciam para a luta da Diantha ser ainda mais rápida. Os discursos não batiam!
Se nos debruçarmos em uma análise aprofundada, afinal, o que levou os roteiristas a levarem a Diantha às semifinais? Embora não tenham retratado a atriz como uma grande oponente do Leon, acho que representatividade pode ter sido sim um ponto considerado, mas que, na cabeça deles, só de ela estar nas semifinais já se bastava como uma conclusão de que ela teve um desempenho espetacular, "não foi ela quem foi fraca, Leon que era forte demais". Enfim, sobre o modo como a construção de força desse polêmico personagem tem sido feita, acho que merece uma postagem à parte. Mas, voltando para nossa injustiçada campeã, outro motivo possível (e que também vi em um comentário no Twitter, de algum estadunidense que, infelizmente, não me lembro quem) é a antiga rivalidade entre França e Inglaterra (Reino Unido, em termos de comparação), os países que basearam, respectivamente, Kalos e Galar. Ou seja, Leon derrotar Alain e Diantha teria sido uma divertida referência histórica.
Mais um motivo que consigo pensar é uma lógica boba, porém com algum sentido: megaevolução e colocações. Se, por um lado, podemos ver que as quatro primeiras batalhas seguiram uma regra de duas megas vencendo (Garchomp e Gardevoir) e duas perdendo (Charizard e Metagross); por outro, tivemos manutenções e superações, ou seja, dois de nível superior no rank venceram os de nível inferior (Leon - 1 - e Cynthia - 2 - em relação a Alain - 6 - e Iris - 7 -) e dois de nível inferior superaram os de nível superior (Diantha - 5 - e Ash - 8 - em relação a Lance - 4 - e Steven - 3 -). Então, os roteiristas, imagino, quiseram dizer que ter mega não garante vitória e nem sempre o de colocação maior vai ganhar, por isso balancearam os dois quesitos. Nesse balanceamento, Diantha simplesmente teria sido beneficiada e chegou às semifinais.
Uma última causa que consigo traçar é a narrativa da donzela que precisa ser vingada, e é aqui que trago a Lana/Vitória de volta. Na Liga Alola, seja pela quantidade de Pokémon que cada participante tinha, as questões a serem resolvidas e outros fatores, tudo era muito previsível, inclusive que algum dos amigos de Ash teria que enfrentar o Guzma antes dele e criar essa ideia de herói, no sentido de o garoto Ketchum ter mais do que o simples motivo de Guzma ser líder da Equipe Skull para derrotá-lo, ele teria sido impiedosamente bruto com sua amiga e Primarina. E aí entra a questão, que, no caso da Vitória, houve uma limitação do Pokémon que a botou para ser escolhida para enfrentar o vilão, não podia ser Kiawe. Para entender melhor isso, sugiro ler a postagem que deixarei ao final dessa. De qualquer forma, nada muda que a visão que se passou foi a de uma treinadora e seu Pokémon esteticamente feminino apanhando como pobres donzelas que seriam "vingadas" pelo Ash.
Com a Diantha, isso pareceu se repetir. Quando Iris foi derrotada por Cynthia, claramente Ash se sentiu abalado, mas foi muito mais pela perda da amiga, ficou triste por seu objetivo no mundial ter acabado ali. Com a campeã de Kalos não foi bem assim, foi a força esmagadora do Leon, como ele fez outro campeão parecer tão fraco, usar apenas metade dos seus Pokémon para derrotar completamente alguém que o garoto acreditava ser tão forte. Ash não necessariamente tem a postura de se vingar, até porque Leon não é um vilão como Guzma, tampouco Diantha é tão sua amiga como Vitória, mas novamente foi uma personagem feminina colocada nesse lugar e que faz Ash perceber que precisa ir "com tudo" para cima do oponente. A grande diferença entre os dois casos comparados é: com Vitória, existiam fatores que faziam ser ela "necessária" naquela batalha, com Diantha não, foi uma simples escolha; poderia ser facilmente o Lance. Apesar de que só pelo modo como se desenvolveu esse confronto, nem o pobre do Lance deveria passar por isso, estamos falando de campeões enfrentando Leon, não treinadores qualquer!
Mas, que seja! Não tem qualquer problema em a Diantha ser derrotada pelo Leon, ele simplesmente é mais forte. Seja qual for a verdadeira causa para terem feito ela chegar até as semifinais, o que inclui a possibilidade de serem todas as cogitadas juntas ou até nenhuma, tudo bem, como qualquer outro personagem, avançou em uma competição da qual participava. Porém, qualquer outro campeão que estivesse no seu lugar seria igualmente desrespeitado da forma que foi feita. Só é curioso que, mais uma vez, foi uma treinadora colocada para enfrentar uma figura imponente e perder de forma patética, provando ao Ash que deveria ser mais cauteloso e estratégico. Exceto por Gardevoir, que teve um desempenho lindo contra Charizard, Alain pareceu ser um oponente mais duro para Leon do que a própria Diantha.
O "engraçado" é que seria muito melhor para a construção do Leon como alguém incrivelmente forte se a Diantha tivesse um super desempenho, mas que, mesmo assim, ele criasse estratégias para vencê-la. Isso mostraria inteligência, percepção, amadurecimento do personagem frente às situações que iam surgindo, até a força bruta que eles evidenciam insistentemente também. Contudo, não foi assim: o que era para ser uma batalha lendária de campeões, foi uma nota que o campeão de Galar é ainda mais forte do que todos pensavam, e a campeã de Kalos foi atualizada como treinadora humilhada para que soubéssemos disso.
Então, foi isso... Planejo trazer outras postagens sobre o desenvolvimento do Leon nesse torneio; a justificativa por trás dos arcos mesclados (por exemplo, porque do nada colocaram a Cloe antes das semifinais) - sim, existe uma explicação plausível; e uma teoria pessoal que tinha sobre como Ash vai bater de frente com o Leon, até porque agora muitos já estão cogitando ela também. Digam-me, por favor, o que acharam da batalha e se estão ansiosos tanto quanto eu para ver Ash x Cynthia! Ah, lembrando: sempre com respeito!
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